segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Mulan (2020)

 

Que todos nós amamos a guerreira chinesa dos filmes da Disney não é segredo pra ninguém, né?
O grande segredo está em descobrirmos o quanto um filme Live Action dessa guerreira incrível se faz necessário.

Em um mundo onde as mulheres têm ganhado mais força e visibilidade, nada mais justo do que representá-las em filmes de forma que elas sejam de fato retratadas como heroínas e donas de si mesmas, assim como de seu destino e suas vontades. Difícil ver isso, né? Engraçado que todas as heroínas possíveis tem sua motivação ligada ao amor e a vontade de ser notada por um homem quando na verdade o estímulo maior deveria ser satisfação pessoal.

E é isso que a Disney veio nos trazer neste longa incrível: a força e a beleza da mulher que vai atrás de seus sonhos e objetivos, sem se importar com o que dirão dela, ou o que farão a ela se a acharem desnecessária ou se a rotularem como 'a que não é boa o suficiente' para tal tarefa, no caso de Mulan: a guerra.

A animação de 1998 representou a Mulan que precisávamos naquela época e, apesar das sátiras que deixaram o povo chinês bem descontente, foi capaz de trazer representatividade a milhares de 'garotinhas com os olhos puxados' que nunca tinham se visto ali, como princesa da Disney. Existe coisa mais linda que isso? Eu diria que para aquele momento não, afinal, a introdução de uma cultura diferente da americana de forma tão abrangente como em um desenho infantil já foi um marco gigantesco e notável.
A Mulan desde então, tem sido a concepção de mulher chinesa e, mais do que isso: mulher forte que, mesmo não seguindo o padrão das princesas anteriores e, sem ao menos ter esse título, evidenciou e ilustrou muitas mulheres orientais (e não orientais) que não se encaixavam no padrão de princesinha.

Há muita discussão em relação a Mulan ser ou não princesa da Disney e esse filme novo veio para mostrar que precisamos de uma Mulan que seja tão boa quanto uma princesa sem precisar ser princesa, mas ainda assim, sendo o melhor retrato de mulher. A mulher que choca seus companheiros durante a guerra, a mulher que é reconhecida como melhor guerreiro dentre seu pelotão, a mulher que mesmo sendo tida como 'a que não serve pra casar' pela casamenteira é reconhecida como uma guerreira pelo imperador e convidada a fazer parte da Guarda Real.

A força da mulher tem uma representação incrível neste filme pelo simples fato de desmistificar a figura da mulher que só serve pra casar, constituir família e deixar de lado seus sonhos e objetivos a fim de viver os pré determinados a ela.
E, não menos importante que isso, o filme foi estudado e baseado na história chinesa para não ter os mesmos problemas que a animação teve. E querem saber? Não dá nem pra sentir falta dos personagens que não aparecem.
O Mushu, que faz toda a animação ser engraçada e divertida, também faz com que a crença seja zombada e o Lee Shang rouba a cena quando vai atrás da Mulan pedindo que ela se case com ele e tal, então, entendem que foi necessário tirá-los da história para focar em quem realmente importava? Enfim, a verdadeira heroína e protagonista não precisa de pessoas, ou animais que corroborem sua trajetória: ela já fez isso sozinha quando decidiu ir à guerra no lugar de seu pai, por que precisaria dividir sua vitória com outros no fim?

A verdade é que ela não precisava, jamais precisou e é isso que o Live Action vem pra mostrar: a representação das guerreiras que tinham a única chance de ir para a guerra se disfarçadas de homem, uma vez que a cultura chinesa só as via como mulher que deveria ser submissa às vontades de sua família e sociedade.

 


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O ódio que você semeia


 Filme de 2018 muito necessário e importante para trazer à tona vários dos problemas que ainda temos de racismo no mundo. 

Starr Carter é uma adolescente negra que presencia seu melhor amigo ser assassinado por um policial branco. E como se não fosse suficiente, é a única testemunha ocular do caso, ou seja: terá que se lembrar disso por algum tempo e tentar fazer com que a história seja vista como é.

O problema é que os policiais têm padrões e procedimentos diferentes de acordo com as pessoas que abordam, os lugares em que estas pessoas estão e as circunstâncias que envolvem o caso. E adivinhem só: o branco e o negro têm tratamento diferente de acordo com o treinamento desde que entram para a Polícia. Geralmente, o ladrão, o sequestrador, o estuprador, o assassino são o negro. Esse é o padrão que se repete e que coloca um alvo nas costas de qualquer que seja o negro independente de suas ações ou do lugar que estejam.


Starr já viu uma amiga ser assassinada antes e, por este motivo, a mãe decide que ela e os irmãos frequentarão uma escola particular longe de onde moram por questão de segurança, porque mesmo conhecendo todos os moradores da vizinhança e tendo uma escola por ali ela não sente que estão seguros. É triste termos que fugir do entorno da nossa casa por não ter como prever quando a Polícia vai chegar atirando em todo mundo ou quando vai rolar uma guerra de gangues em plena luz do dia muitas das vezes dentro da escola - onde deveria ser um local seguro -, ou ainda quando uma pessoa decide matar outra sem nem se importar quem está por perto e às vezes sem nem ter motivo, né? 

E é assim que ela e seus irmãos começam a ter uma vida dupla, fingindo ser quem não são para adaptarem-se aos colegas ricos e que eles nunca viram antes, ao invés de cultivar as amizades que têm desde que nasceram. O choque entre as personagens criadas para viver dentro de casa e na escola com certeza já estava previsto, mas sempre foi adiado para agradar os dois lados e assim seguir equilibrando a vida dupla que levavam.

Por que é que as pessoas precisam fingir que são algo para que as outras gostem delas? Quando foi que deixamos de levar em conta a essência de cada um para dar espaço simplesmente ao que eles têm a oferecer de alguma forma? Por que o lugar de onde viemos diz tanto sobre nós? E se diz, por que não pode ser com a nossa própria voz ao invés de pré-julgamentos? Tenho certeza que essas perguntas se passarão na cabeça de Starr diversas vezes até ela entender como é, de fato, viver em uma sociedade racista e machista que diminui o outro para sentir-se melhor consigo mesmo; que desmerece o outro por sua aparência sem nem dar chance de conhecer sua existência, suas lutas, seus desejos... Seria tão difícil assim ver as pessoas como iguais e tratá-las bem? Quando foi que a humanidade do ser humano se perdeu?

O ódio que você semeia, em inglês The Hate U Give Little Infants Fuck Everybody, a sigla T.H.U.G L.I.F.E. que significa: o ódio que você semeia às crianças fode ferra todo mundo. O que podemos entender disso? Tudo que semeamos é o que um dia colhemos e se nós não colhermos, alguém vai, não é mesmo? E quando chegar a colheita, é bom que a semeadura tenha sido feita direito ou o ciclo inquebrável da maldade retorna e domina nossas vidas de qualquer forma, mesmo que não queiramos, afinal, o que a gente semeia nas crianças tá sempre ali, uma hora ou outra aparece.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

O sol de Riccione

Não sei vocês, mas por aqui temos consumido um montão de filmes estrangeiros: franceses, italianos, alemães, espanhóis, árabes, romenos... e a lista de nacionalidades não para de crescer! 😅 

Provavelmente por causa da pandemia, acabamos diversificando os conteúdos, e a Netflix, Amazon e outros serviços de streaming têm nos proporcionado essa grande variedade. Um ótimo exemplo dessa onda de produções estrangeiras que caiu no gosto do público é O Sol de Riccione, um filme italiano que foi lançado recentemente e que, com seu clima leve e descontraído, conquistou muitos corações.

A trama do filme é ambientada na ensolarada e charmosa cidade de Riccione, na Itália, um destino turístico famoso pelas praias e pelo verão vibrante. O filme segue um grupo de jovens que se conhecem durante as férias de verão e enfrentam aqueles clássicos dilemas juvenis: amores, amizades, inseguranças e o desejo de viver intensamente.

O roteiro não é necessariamente inovador, mas traz aquele frescor e aquela leveza que todos adoramos encontrar em um filme de verão. Sabe aquela sensação de nostalgia das férias com amigos, dias ensolarados e uma trilha sonora que embala o romance e a diversão? Pois é, O Sol de Riccione captura isso com perfeição.

Uma das coisas que mais gostei no filme foi o charme dos personagens. Embora as histórias individuais sigam clichês que já vimos em outras produções, há uma autenticidade nas relações e interações que tornam tudo mais envolvente. Cada personagem lida com suas próprias questões pessoais — desde o medo de se apaixonar até a busca por aceitação — e, juntos, eles formam um grupo que faz você se lembrar das amizades de adolescência, onde cada verão parecia uma aventura inesquecível.

Além disso, a beleza da costa italiana é quase um personagem à parte no filme. A cinematografia faz um excelente trabalho ao capturar as paisagens de Riccione, com suas praias ensolaradas e o mar de águas cristalinas, criando uma atmosfera convidativa e relaxante. Para quem, como eu, ficou trancado em casa durante a pandemia, assistir O Sol de Riccione é quase como uma pequena fuga para um verão dos sonhos, cheio de calor e diversão.

Mas nem tudo é só diversão despreocupada. O filme também toca em temas mais profundos, como o amadurecimento e a importância de enfrentar os medos e desafios que surgem ao longo da vida. Isso dá ao filme um toque emocional que o diferencia de outros típicos filmes de verão. É leve e descontraído, mas com algumas lições importantes sobre amizade, amor e autoaceitação.

Se você está procurando algo fácil de assistir, com belas paisagens, personagens cativantes e aquela vibe gostosa de verão, O Sol de Riccione é uma ótima escolha. Não é o tipo de filme que vai te deixar refletindo profundamente sobre a vida, mas às vezes é exatamente isso que precisamos: uma pausa para relaxar, rir um pouco e, por que não, sonhar com dias ensolarados à beira-mar.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Hellboy (2004)

Olha, confesso que estou surpresa por começar a postar aqui com esse filme. Eu nunca tive curiosidade em ver, nunca me chamou muita atenção mas o Sr Caio me convenceu a assistir e devo dizer que sou grata a ele por isso.
Às vezes criamos uns estereótipos meio bestas em nossa cabeça e não nos permitimos uma experiência que pode nos ser enriquecedora de tantas formas. O gosto do outro geralmente abre nossa mente para novos caminhos e novas formas de ver as coisas, as pessoas e principalmente as obras - tanto literárias quanto cinematográficas - leva nossos caminhos e crenças a outro nível e nos faz acreditar que devemos cada vez mais estar abertos às oportunidades.
Hellboy é um filme um tanto quanto despretensioso, o nome já nos faz imaginar "o garoto do inferno" e já é capaz de aguçar ou eliminar toda aquela faísca de curiosidade por um novo filme que vemos num catálogo de escolhas e é exatamente aí que está o erro. Ao julgar um livro pela capa, ou um filme pelo título, deixamos passar oportunidades 😅 está meio repetitiva essa parte, eu admito, mas é só pra deixar bem claro a vocês que isso não é um bom hábito.. então amiguinhos, vamos deixá-lo de lado, combinado? 
Vamos ao filme então.
Hellboy
Hellboy de fato é um cara que veio do inferno (ah vá!) mas sem dúvidas ele veio para ensinar muitos caras da Terra que o lugar de onde viemos não diz nada sobre nós, nem traça nosso destino porque isso é nossa obrigação, nossa parte no acordo da vida.
Guilherme Del Toro deu vida a um ser de um universo paralelo comummente conhecido como lugar ruim, com seres ruins, criados para o mal. Essa é a visão que a maioria das pessoas tem do Inferno, certo? Daí ele vem e joga na nossa cara que até mesmo a criatura com os maiores indícios para ser malvada, pode lutar contra sua própria natureza e tornar-se alguém que protege pessoas, põe as prioridades dos outros acima das próprias, se importa mesmo não tendo que se importar.
Sinceramente? A essência do garotinho do inferno é a mesma do homem de bem, digo o homem de bem de verdade não esses que temos visto espalhados por aí né... enfim, só vou deixar aqui a recomendação para quem, como eu, em pleno 2020, não se deu a chance de ver essa baita obra cinematográfica e para encerrar, a melhor citação de filme que já vi:
"O que faz de um homem, um homem? um amigo meu se perguntou uma vez. São suas origens? O modo como veio ao mundo? Eu acho que não. São as escolhas que ele faz. Não como ele começa as coisas, mas como ele decide terminá-las."