Filme de 2018 muito necessário e importante para trazer à tona vários dos problemas que ainda temos de racismo no mundo.
Starr Carter é uma adolescente negra que presencia seu melhor amigo ser assassinado por um policial branco. E como se não fosse suficiente, é a única testemunha ocular do caso, ou seja: terá que se lembrar disso por algum tempo e tentar fazer com que a história seja vista como é.
O problema é que os policiais têm padrões e procedimentos diferentes de acordo com as pessoas que abordam, os lugares em que estas pessoas estão e as circunstâncias que envolvem o caso. E adivinhem só: o branco e o negro têm tratamento diferente de acordo com o treinamento desde que entram para a Polícia. Geralmente, o ladrão, o sequestrador, o estuprador, o assassino são o negro. Esse é o padrão que se repete e que coloca um alvo nas costas de qualquer que seja o negro independente de suas ações ou do lugar que estejam.
Starr já viu uma amiga ser assassinada antes e, por este motivo, a mãe decide que ela e os irmãos frequentarão uma escola particular longe de onde moram por questão de segurança, porque mesmo conhecendo todos os moradores da vizinhança e tendo uma escola por ali ela não sente que estão seguros. É triste termos que fugir do entorno da nossa casa por não ter como prever quando a Polícia vai chegar atirando em todo mundo ou quando vai rolar uma guerra de gangues em plena luz do dia muitas das vezes dentro da escola - onde deveria ser um local seguro -, ou ainda quando uma pessoa decide matar outra sem nem se importar quem está por perto e às vezes sem nem ter motivo, né?
E é assim que ela e seus irmãos começam a ter uma vida dupla, fingindo ser quem não são para adaptarem-se aos colegas ricos e que eles nunca viram antes, ao invés de cultivar as amizades que têm desde que nasceram. O choque entre as personagens criadas para viver dentro de casa e na escola com certeza já estava previsto, mas sempre foi adiado para agradar os dois lados e assim seguir equilibrando a vida dupla que levavam.
Por que é que as pessoas precisam fingir que são algo para que as outras gostem delas? Quando foi que deixamos de levar em conta a essência de cada um para dar espaço simplesmente ao que eles têm a oferecer de alguma forma? Por que o lugar de onde viemos diz tanto sobre nós? E se diz, por que não pode ser com a nossa própria voz ao invés de pré-julgamentos? Tenho certeza que essas perguntas se passarão na cabeça de Starr diversas vezes até ela entender como é, de fato, viver em uma sociedade racista e machista que diminui o outro para sentir-se melhor consigo mesmo; que desmerece o outro por sua aparência sem nem dar chance de conhecer sua existência, suas lutas, seus desejos... Seria tão difícil assim ver as pessoas como iguais e tratá-las bem? Quando foi que a humanidade do ser humano se perdeu?
O ódio que você semeia, em inglês The Hate U Give Little Infants Fuck Everybody, a sigla T.H.U.G L.I.F.E. que significa: o ódio que você semeia às crianças
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