quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

How to get away with murder: como manipular as pessoas ao seu redor

How to Get Away with Murder é uma série que teve 6 temporadas incríveis e foi capaz de fazer milhares de telespectadores torcerem para que todos os crimes não fossem descobertos e punidos no final. Annalise Keating, a brilhante e enigmática professora de Direito Criminal, é uma mestre em manipular e controlar o ambiente ao seu redor — seja por sua inteligência afiada, sua presença imponente ou sua capacidade de envolver todos em sua teia de segredos.

Annalise, interpretada de forma magistral por Viola Davis, não é uma personagem qualquer. Desde o início da série, ela se destaca não apenas por seu conhecimento jurídico, mas também por sua habilidade de escolher a dedo uma equipe de estagiários — aleatoriamente ou não. Esses jovens, cada um com suas ambições, inseguranças e segredos próprios, acabam se tornando peças-chave em seu jogo complexo de poder, manipulação e, claro, assassinatos.

Ao longo da série, fica claro que Annalise não apenas escolhe essas pessoas por suas capacidades acadêmicas, mas também por suas fraquezas e traumas. Ela sabe exatamente como explorar as vulnerabilidades de cada um de seus alunos para mantê-los por perto e leais, mesmo quando as situações saem do controle. Isso, para mim, foi uma das coisas mais fascinantes sobre a série. A forma como a manipulação não é feita apenas de forma direta, mas por meio de relações emocionais, criando dependência e um senso de dívida moral.

Outro aspecto fascinante da série é o fato de que, apesar de Annalise ser uma manipuladora nata, muitas vezes vemos que ela também está sendo manipulada. Isso traz uma camada de complexidade à narrativa, mostrando que, por mais poderosa e controladora que ela seja, há momentos em que o jogo vira contra ela. Seus inimigos são tão espertos quanto, e o público é constantemente lembrado de que, em um mundo cheio de intrigas, confiança é algo extremamente raro e volátil.

A série também faz um excelente trabalho ao explorar o impacto psicológico que viver nesse ambiente tóxico e cheio de segredos tem nos personagens. Eles começam a questionar suas próprias moralidades, limites e até mesmo suas sanidades. Em muitos momentos, você se pergunta: será que a Annalise se importa genuinamente com essas pessoas, ou ela as vê apenas como ferramentas para seus próprios fins? E essa ambiguidade é o que torna How to Get Away with Murder tão envolvente.

Os flashbacks e flashforwards, uma técnica narrativa usada exaustivamente na série, também intensificam essa sensação de manipulação. O espectador nunca sabe ao certo quem está falando a verdade, quem está encobrindo algo ou quem será o próximo a ser puxado para o abismo das consequências dos crimes. Tudo isso cria uma atmosfera de tensão constante, onde cada episódio termina com uma reviravolta chocante.

Ao longo das temporadas, o que inicialmente parecia ser apenas mais uma série de crimes se transforma em algo muito mais profundo e sombrio. A manipulação deixa de ser apenas um jogo de poder e passa a se tornar uma questão de sobrevivência. Annalise, os alunos e até mesmo os personagens coadjuvantes estão em uma luta constante para manter suas máscaras no lugar, enquanto o caos se desenrola ao redor deles.

No fim, How to Get Away with Murder nos faz questionar nossos próprios conceitos de certo e errado. Afinal, por que nos sentimos tão atraídos por personagens moralmente ambíguos como Annalise? Talvez porque, em um mundo tão controlado por regras e normas sociais, é fascinante ver alguém desafiar tudo isso e, de certa forma, "escapar".